- CEMIR Comunicação
- 10 de jun. de 2024
- 2 min de leitura

Neste domingo, dia 02/06, realizamos uma roda de leitura com 10 adolescentes no Céu Lajeado, no bairro de Guaianases. Discutimos a vida e obra de Carolina Maria de Jesus, uma escritora negra nascida em 1914, em Sacramento (MG), filha de pais analfabetos. Carolina enfrentou racismo, machismo e desigualdade social para concretizar seu sonho de ser escritora. Aprendeu a ler e escrever aos sete anos e, em 1937, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como catadora de papel e empregada doméstica, enquanto registrava seu cotidiano nas folhas de papel que recolhia. Seu primeiro livro, "Quarto de Despejo – Diário de uma favelada", publicado em 1960, foi traduzido para 16 idiomas e vendido em 40 países. Após seu sucesso, Carolina mudou-se para um bairro de classe média em São Paulo e publicou mais três livros: "Casa de Alvenaria" (1961), "Pedaços de Fome" (1963) e "Provérbios" (1963). Ela faleceu aos 62 anos devido a uma insuficiência respiratória. Entre 1977 e 2018, outras seis obras póstumas foram publicadas, baseadas em seus escritos.
Baseamos a atividade na metodologia da professora Jamile Menezes da Silva, do Centro de Referências em Educação Integral, para explorar a vida e obra de Carolina Maria de Jesus com os adolescentes. Lemos juntos um trecho do diário de Carolina, datado de 15 de julho de 1955: “Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar. Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu lavei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Ele ficou com os litros e deu-me pão. Fui receber o dinheiro do papel. Recebi em 65 cruzeiros. Comprei 20 de carne. 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açúcar e seis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.” Após a leitura, conversamos sobre o trecho, permitindo que os adolescentes compartilhassem suas impressões e reflexões livremente.

Também nesse domingo, realizamos um encontro em comemoração ao Dia das Mães com mães imigrantes bolivianas. O evento integrou novas mães ao público das rodas de conversa e contou com a participação das lideranças Dilma e Janete. Elas falaram sobre a importância das atividades do Cemir, a dupla jornada de trabalho das mulheres e a necessidade de articulação em rede no território para integrar mais famílias bolivianas. Destacaram também a importância de ocupar os equipamentos públicos da região, como os de proteção, saúde e educação, para fortalecer a comunidade.
Redação: CEMIR